segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Exú Mirim

Maria das Rosas, como era conhecida, trabalhou muito tempo na rua, vendia quitutes pela manhã e a noite era dançaria, onde encantava os homens com suas danças sexuais. Em uma noite estrelada, chegou a casa onde ela trabalhava, um coronel poderoso da cidade, que se apaixonou por ela. Nessa paixão, ele mesmo sendo casado, montou uma casa para ela, mas o destino acabou levando o coronel à morte, em uma tocaia, porém Maria das Rosas, estava grávida de dois meses. A mulher do coronel, ficou sabendo do assunto, e foi atrás de Maria, que teve que fugir da pequena cidade, mas como era poderosa, a esposa traída, mandou perseguir Maria das Rosas. Perto de completar nove meses de gestação, os capangas conseguiram achar Maria, abusaram, violentaram e a jogaram, quase morta, perto da fonte da praça, foi achada pelo um jovem soldado, que fez o parto, já nos últimos suspiros de vida, ela disse ao jovem que o menino chamaria João das Cruzes. João foi levado para o orfanato da cidade, e a mulher do coronel, o adotou, e o jogou nas mãos dos empregados da casa, pois como ela dizia ele era o “bastardinho, filho de um ventre podre”, e assim foi criado, entre maus tratos e muita violência, com sete anos, ele foge, e aprende na vida a se virar, roubando, e sendo menino de recado. João sempre roubava a igreja, e o sumiço da coleta, intrigava a policia da religião, o padre não sabia mais o que fazer. Em um domingo de sol, após a missa da manhã, os guardas ficaram a espreita para pegar o dito bandido, e de repente o dinheiro sumiu! Olharam para um lado e para o outro e nada, até que avistaram um vulto, e correram atrás, como eles gritavam e o pequeno dono do vulto negro,  continuava a correr, acabaram atirando pelas costas, quando viram que era uma criança, ficaram desesperados, e levaram o corpo para a fazenda, onde a mulher do coronel, que adotou o menino, falou que não o conhecia, então o corpo de João foi enterrado como indigente, mas os empregados da fazenda, começaram a cultuar João das Cruzes, levando a ele doces e brinquedos no tumulo.


No pós-morte, os espíritos de luz, tentaram levar João, contudo o menino já entendia a maldade do mundo, e como vingança, começou a perturbar a tal dona da fazenda que o maltratara demais, até que a levou a loucura, João então começou a assombrar a fazenda, e os criados, com muita reza e rituais, começaram a levá-lo a luz, mas até então o menino que se chamava João das Cruzes, ficou conhecido como Exú Mirim.

sábado, 8 de setembro de 2012

Sete Saias

Neta de escravos, Efigênia, viveu no inicio do século passado, no sul da Bahia, sua mãe casou-se com um mulato que trabalha na feira, levando balaios de compras.  Filha mais velha, se apaixonara ainda cedo por um jovem de pouca ambição,  casado, que  apenas a seduziu, e aos 10 anos de idade, ela perdeu a virgindade. Seu romance ficou escondido até as 12 anos, quando ela engravidou, e não tendo o que fazer, contou a sua família, que a colocou para fora, afinal, mesmo simples, o rapaz era de família influente, que abafou o caso.

Grávida, desolada, andou por toda cidade pedindo ajuda, mas ninguém quis abrir a porta, foi quando ela foi parar na casa de tolerância da cidade, e recebeu ajuda, contudo teve que vender seu corpo, quando seu filho nasceu, ela sem saber como criá-lo, o deixa na porta da igreja e fogiu para a capital. Chegando a cidade grande,   vai trabalhar como empregada na casa de uma família espanhola, onde se encantava ao ver as roupas típicas do flamenco, e aprendeu muito, pois os patrões eram pessoas de bem e a frente do seu tempo, ela fora contratada para limpar a casa e também cuidar do filho que a senhora espanhola esperava, mas a sorte faltou e ela perdeu o filho, como o casal havia tentado muitas vezes, sem sucesso, a patroa ficou muito triste, e decidiu voltar para a Espanha, seu marido ainda tinha alguns negócios, então ela ficou trabalhando durante algum tempo. 

Então Efigênia, tentou arrumar emprego em outros lugares, foi quando sem já ter saída,  ela procurou o cabaré para sobreviver, chegando lá a dona ao vê-la deu risada e perguntou, o que ela, uma menina tinha para chamar atenção dos homens, que sua casa era de luxo, e que apenas ser mulher não bastava, no mesmo momento Efigênia se lembrou do que via sua patroa ensaiar a dança espanhola, então com a coragem ela se apresentou, tocando castanholas, impressionada a dona do cabaré, pediu que ela se apresentasse uma vez, se desse certo ela seria contratada, e assim foi. Na primeira noite, ela dançou lindamente, e no final quando perguntaram o seu nome, ela disse, que se chamava Sete Saias. A partir desse momento, ela se apresentava toda noite, seu pensamento era juntar dinheiro para ir atrás de seu filho, contudo um dia durante uma confusão gerada pelo ciúmes de dois coronéis, ela é assassinada e ficou vagando durante anos, em busca de seu filho, sem se conformar com a morte, até que ela encontrou Exú Tranca Rua das Almas, que a ajudou a entender e buscar a luz.